a melancolia de domingo torna as páginas de relacionamento na rede mais forte.
estou aqui a algumas horas a me comunicar com tudo e todos. internet, telefone, celular, pensamentos.
o Zani acabou de compartilhar que está ouvindo Teorema na rádio Ipanema FM. essa semana recebi por e-mail de diversos amigos, um texto escrito pelo apresentador desse programa, Marcelo Noah, falando sobre o fechamento da sala de cinema Norberto Lubisco, a última de rua, com entrada pela calçada em Porto Alegre.
fiquei a pensar muito sobre isso durante esses dias.
o que passou pela minha cabeça: porto alegre, sociedade portoalegrense, brasil, salvador, rio de janeiro, jane jacobs, carros e bairros autossustentáveis.
tudo que é central deveria converger para tal. não sei, mas me parece que não acontece mais em poa. as pessoas não vão para o centro. só andam de carro, não usam transporte público para lazer, vão de carro e estacionam em torres de CO2. as vezes tenho a sensacão que em algumas cidades a vida ao ar livre está acabando. quando deveria ser ao contrário.
eu sempre acreditei... que o estado tem um papel importante nesse comportamento urbano do cidadão. no momento que desapropriam prédios públicos centrais e os levam para longe, além de isolaram algo público eles abandonam o lugar onde todos a princípio convergem e todos ficam orfão da assitência que o estado daria se estivesse em lugar de fácil acesso como um centro de uma cidade.
os prédios ficam abandonados gerando nações de zumbis, órfãos de todos que antes ali passavam, e faziam mendicância, um mínimo de giro capital, ou de movimento cultural.
jantando na casa de amigos na última sexta-feira, lembramos da história do amigo do primo de alguém que tinha operado o umbigo, ele simplesmente não tinha umbigo. meu deus! imagina ficar sem o umbigo, referência de centro, de olhar interno, maternal, ligação com o mundo. nunca ninguém vai poder falar que ele “só olha pro umbigo“. olhar pro próprio umbigo é bom demais, refletir para continuar a andar. viva o que alguns pensam ser egoísmo. pobre...
andamos, a morte do centro gera a construção desses condomínios bizarros, afastados, com escola, supermercados, academias de ginástica, fármacias e tudo mais que o centro e os bairros ao redor proporcionam. vai se perdendo a referência urbana dentro desses lugares, o transporte público, a praça, o parque, a pista de skate, onde TODOS, todos que moram na cidade podem frequentar e não precisam pagar condominio pois sabemos, já pagam imposto. pensamento antigo? não acho. a gente não faz nada pra melhorar a vida pública, baderna? nenhuma. a gente sabe é trabalhar mais pra ficar mais estressado e a gente paga pra sobreviver. e a gente escreve blog. pois é.
pode ser a causa da alienação do seres humanos com o próprio ser humano. cada vez mais assustado com as suas sensações de prazer e angústia. a morte da rua pode ser a morte do cidadão humano.
acho que pode ter aí uma relação com o fechamento da sala Noberto Lubisco, meu cafofo de contemplação cinematográfica na época da faculdade.
saudades de Porto Alegre, quinta-feira tô chegando lá, e eu vou caminhando para o Museu do Trabalho na abertura da expo da Claudia Barbisan.
fotos minhas
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