20.4.07

linha reta



em porto alegre existe um caminho exaustivo que é ir e vir do Centro para o Moinhos, do Moinhos para o Centro. se não acho num procuro no outro, se me encontro num me perco no outro e vice-versa.

no Centro tem cinema de rua, no Moinhos tbém, porém desativado. no Moinhos tem restaurantes clássicos, no Centro tbem. tem estátuas e construções decó, no outro tbem. quem morou no Moinhos provavelmente teve uma geração que morou no Centro, onde foram subindo a Independência, buscando a sua, desapegando do rio, esquecendo o rio e foram modernizando o decó, construindo e descontruindo.

as vezes quando vou num sinto raiva do outro. um tem dinheiro só de dia, o outro de dia e a noite. um é mais conservado o outro é esquecido. um é mais conservador o outro mais underground. num a grama é mais verde, no outro rala, tem muro no rio, no outro grade nas casas, mas num tem teatro centenário, palácio da justiça, casa do governo e casa assembléia do povo legislativa, e o outro projetos de design, galerias de arte, prédios com vistas panorâmicas e apartamentos com preços de vieira souto...

eu juro que as vezes procuro só um batom e uma ida ao museu... no dois eu acho. champagne, tem nos dois, uma sombra e uma lágrima, sempre cúmplices, no viaduto ou na escada rolante.

num eu me enconto no outro eu me acho. os dois com sal de prata, num eu desejo no outro tbem. infância eterna.

3 comentários:

Pat Bimbi disse...

adorei o texto!
bjo bimbi

Anônimo disse...

Carô, adorei o texto também, e me ocorreu...no Moinhos algumas pessoas são quase "proibidas" de entrar enquanto o Centro é de todos. Bj, Alice

olavoamaral disse...

sempre achei caminhar o percurso da independência o máximo. Em dez minutos muda tudo: as ruas ficam sujas, as pessoas ficam feias, as árvores somem, o barulho cresce. E o mundo fica mais mundo. E só leva dez minutos.